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domingo, 4 de novembro de 2018

RADIALISTA MAÍSA VASCONCELOS: ESCOLAS SEM PROFESSORES




Vejam o que diz a Radialista e Jornalista Maísa Vasconcelos na sua coluna do Jornal O Povo:

"Era domingo de segundo turno da eleição que definiria o novo presidente do País quando presenciei uma professora assumir em prantos a sua fragilidade: está doente. O corpo franzino, mãos e pernas trêmulas, tonturas incomodando há anos. Tem Transtorno de Ansiedade Generalizada. Até aqui, não imaginava que as crises a deixariam fora do lugar no qual sempre quis estar, a sala de aula - onde se encontra como humana e cidadã - para onde se volta há três décadas dedicando-se à educação de crianças e adolescentes.

Não é incomum encontrar professores em situação semelhante. As causas são várias, mas é fácil listar algumas delas: risco à integridade física aumentado pelo crescimento da violência, ambiente de trabalho inadequado, tempo e condições insuficientes para preparação de conteúdos, falta de formação continuada, pouca perspectiva de galgar novos postos na carreira, discriminação e preconceito, além de baixa autonomia e baixos salários. Desprestígio e desvalorização.

Por outro lado, três em cada dez brasileiros são considerados analfabetos funcionais, segundo o último Indicador do Alfabetismo Funcional (Inaf). Cerca de um terço dos jovens e adultos de 15 a 64 anos no País - 38 milhões de pessoas - não conseguem interpretar um texto simples ou fazer as contas básicas dos gastos na bodega. Oito por cento são analfabetos absolutos, que é quando não se sabe o suficiente para ler palavras e aprender frases.

O Brasil mente quando se mostra preocupado com a educação. Basta ver  como trata seus professores. Basta ler o PL 7180/2014, que será votado na próxima semana, após ser adiado na quarta-feira, 31. O projeto altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e submete a comunidade escolar "às convicções do aluno, de seus pais ou responsáveis, dando precedência aos valores de ordem familiar sobre a educação escolar nos aspectos relacionados à educação moral, sexual e religiosa."

Curiosamente, não trata das questões citadas aqui, tampouco de evasão escolar. Mas quer, com um cartaz em cada sala de aula, "vedar a doutrinação política, moral, religiosa ou ideologia de gênero nas escolas". A interferência na prática pedagógica e o policiamento de conteúdos pretendidos pelo projeto Escola sem Partido é assumir o distanciamento da realidade em que vivem os alunos, é apontar para a doutrinação pelo Estado. Nesse passo, o Brasil caminha para a escola sem professores."

Maísa VasconcelosJornalista do O POVO maisavasconcelos@opovo.com.br

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