O Ministério Público entrou com pedido para uma inspeção sanitária na sede do SBT no Rio de Janeiro após a redação de jornalismo da emissora ter se tornado foco da proliferação do novo coronavírus. Além disso, existe a petição de uma liminar sendo preparada pela promotora Luciene Vasconcelos solicitando a interdição do local, que fica na zona norte da cidade. Ao todo, 36 funcionários estão afastados com suspeita de terem contraído o Covid-19.
A denúncia no MP foi uma feita de forma conjunta pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Sindicato dos Radialistas do Município do Rio de Janeiro e a Associação Brasileira da Imprensa (ABI) na última quinta-feira (09).
“Nós entramos com uma denúncia no Ministério Público com a relação da sucursal do SBT no Rio. Muito estranho que uma emissora do porte do SBT, que está convivendo com esse problema há mais de 20 dias, não tenha tomada providencias quanto a isso. Chegou ao ponto de morrer uma pessoa e 35 delas estarem contaminadas”, disse Arnaldo Cesar, membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
A inspeção sanitária estava programada para ser feita nesta terça-feira (14). Com a ameaça de liminar para fechamento do SBT no Rio, existe um medo entre funcionários de demissões. “Entre preservar um emprego e a vida, temos que preservar a vida”, pondera Arnaldo.
De acordo com relatos ouvidos pelo site, vários funcionários denunciam a demorar em adotar medidas de prevenção para o coronavírus no SBT Rio. Apontam que o prédio não tem ventilação e usam a palavra insalubre para se referir às condições da filial.
“Se você multiplicar cada um, dentro da sua casa, com um grupo de quatro pessoas, olha o que esses caras estão arrumando com a família dos funcionários que estão ali no SBT. Por uma gestão egoísta. As pessoas estão entrando em quarentena e a gente que está na rua trabalhando e não tem respaldo de ninguém e ainda vai infectar dentro de casa que estão se protegendo, por inconsequências de chefias”, desabafou um funcionário à reportagem.
Na última segunda-feira (13), o funcionário José Augusto Nascimento Silva, 57 anos, morreu vítima do novo coronavírus. Ele estava internado em estado grave no Hospital Badim, localizado no bairro da Tijuca. Naná, como era conhecido, trabalhava na emissora há 30 anos e exercia a função de editor de imagens além de cuidar do acervo da emissora. Nesta terça, o site UOL, publicou áudios onde Naná acusa o SBT Rio de negligenciar a saúde dos funcionários.
Sobre os áudios, o SBT enviou o seguinte comunicado: “A direção do SBT manifesta seu profundo pesar pelo falecimento de seu colaborador, uma perda lastimável para todos, e presta toda a assistência à família, desejando que tenham força para superar este momento tão difícil. O SBT reitera que adotou as adequadas medidas para prevenção do contágio e enfrentamento dessa doença, atendendo as determinações dos órgãos de saúde e autoridades sanitárias, e desconhece a origem e circunstâncias dos áudios mencionados, e pede que todos tenham respeito e consideração pelas pessoas citadas”.
O site NaTelinha noticiou no dia 05 de abril que 44% da equipe de jornalismo do SBT no Rio de Janeiro estava afastada por conta do coronavírus, incluindo Naná. Os que continuaram trabalhando afirmaram que viviam um drama com temor de contrair a doença nas dependências do canal. Diante do problema, a diretoria contratou uma equipe de desinfecção para a sede carioca.
O prédio do SBT Rio, onde fica o estúdio e a redação, é localizado na zona norte da cidade, no bairro de São Cristóvão. A sucursal ocupa o imóvel desde 1982, onde antes funcionava o Cine Fluminense. Embora tenha se adaptado para receber um canal de TV, internamente, o local é todo fechado e com pouca ventilação.
0 comentários:
Postar um comentário